quinta-feira, 30 de julho de 2009

Juventude e internet, por Rosemary M. F. das Neves

O ser humano constrói sua identidade por meio das regras, valores e leis da sociedade em que está inserido. Há hoje com a internet uma infinidade de opções para que os indivíduos se comuniquem e interaja um com o outro pelas novas tecnologias digitais. Tais tecnologias possibilitam a utilização de novos meios de comunicação, sobretudo, das comunidades virtuais.

Na sociedade contemporânea os computadores e os celulares tornaram-se meios de comunicação de uma geração que, desde os primeiros anos escolares e, em alguns casos, ainda antes, mantém contato com a informática.

Para esta nova geração a integração social e a socialização, em muitas situações, dão-se mais no espaço virtual do que no espaço da realidade concreta, cotidiana, o que pode dificultar o estabelecimento de vínculos. Por outro lado, percebe-se uma infinidade de comunidades virtuais que se utilizam de ferramentas que, muitas vezes, podem desenvolver no usuário a sensação de pertencimento a um determinado grupo, favorecendo pelo menos algumas formas de se estabelecer vínculos sociais, elemento fundamental da vida do ser humano, seja para a educação ou para a vida de forma geral.

O meio pode ser virtual, mas o jovem se envolve com sentimentos reais, com questões e problemáticas reais, nas suas aventuras pelo universo digital. Nada mais real do que a paquera ou a fofoca que rola no MSN. “A sensação de proximidade com a turma, o sentimento de pertencer a uma determinada comunidade, a abordagem e o contato com o sexo oposto fazem parte de um rol de situações reais, que transmitem sensações verdadeiras e que ajudam a criar conexões e identidades mais do que legítimas.

A tecnologia se tornou a ferramenta da afirmação autônoma dos jovens no mundo e um meio desses jovens se lançarem no universo social, ainda que virtual, um lugar onde eles exercitam critérios de amizade e onde buscam padrões de comportamento. Jovens não costumam apreciar burocracias e intermediações e, na internet, seus desejos são acessados diretamente – como exemplificado pelo rápido download de arquivos mp3. “A tecnologia parece ajudar os jovens a lidar com os dilemas típicos dessa faixa etária – identidade, personalidade, desejos e auto-expressão”.

Estudiosos no assunto em questão acreditam que a procura dessa interação interpessoal mediada pelas tecnologias pode estar relacionada à dificuldade do indivíduo de se expor ao outro. A partir de uma visão cognitivo-desenvolvimental e baseado nos estudos de Piaget, Helen Bee (1997, p.) identificou que o relacionamento interpessoal passa pela busca da identidade e a sua independência e maturidade se faz no fortalecimento de uma auto-estima. Segundo essa pesquisadora, o desenvolvimento do raciocínio moral se fortalece através da vivência com o grupo e somada a complexidade que isso implica. Assim, a interação deverá ser construída como caminhos, que o jovem deverá percorrer para conseguir se estabilizar emocionalmente e, como conseqüência, atingir sua maturidade e fazer suas escolhas.

Muitas são as reflexões sobre como se tem dado a aquisição do conhecimento pela nova geração, imersa em tecnologias contemporâneas, bem como no mundo virtual, sobre as atuais pesquisas acerca da relação jovens e Internet, sobre o processo de comunicação, o desenvolvimento cognitivo humano, mudanças comportamentais e também sobre as teorias da psicologia social.
O comportamento flexível é notório nessa nova geração, enquanto assistem à televisão navegam pela internet em busca de mais informação, compartilham suas opiniões com amigos por meio de ferramentas como o Messenger ou o Orkut, falam ao celular sem nenhuma dificuldade.

Constatou-se que nas últimas décadas, não de forma linear ou homogênea, indivíduos e sociedade se prepararam para receber as tecnologias vigentes que, apesar de paulatinamente, chegaram num processo dinâmico, acelerado e globalizado.

Por outro lado, algumas pesquisas apresentaram que os jovens estão mais individualistas e apáticos quanto às questões ligadas ao futuro, como a falta de perspectiva profissional, bem como com as questões ligadas à política.

Na aquisição de conhecimento as pesquisas demonstraram, que de acordo com a facilidade que o jovem tem ou teve em acessar as tecnologias, sobretudo as mídias digitais, apresentaram um processo evolutivo e ampliaram seus conhecimentos muitas vezes no âmbito lúdico para realizações na esfera do conhecimento acadêmico.

No entanto, os principais resultados dessas pesquisas apontam para uma das preocupações geradas pelo uso das novas tecnologias: a acessibilidade não igualitária de todos os jovens à internet, que acabou por criar os excluídos digitais.

Portanto, não há como classificar todo o conjunto de jovens em uma geração específica como sugerem alguns teóricos, principalmente em um país como o Brasil, onde se convive com vários contextos sociais. Muitos jovens mesmo tendo o acesso ao computador não têm um preparo cognitivo e nem um planejamento comportamental.

A internet e as mídias digitais são necessárias e úteis como facilitadores do processo do conhecimento e de socialização, assim como outras tecnologias que podem também estimular os processos cognitivos, porém, é necessário um novo olhar para as verdadeiras desigualdades sociais culturais.

O impacto do avanço tecnológico no mundo desses jovens não será resolvido apenas com o acesso às tecnologias modernas, como um computador conectado a uma banda larga, sem esses jovens terem tido a familiarização com outras tecnologias educacionais que as anteciparam, dando suporte ao processo cognitivo para ocorrer à acomodação e a assimilação como, por exemplo, na hora de interpretar um manual de um computador ou um celular, ambos de última geração. Se o jovem não tiver a clareza da língua pátria e recebido estímulos para desenvolver cognitivamente seu raciocínio lógico, encontrará grandes dificuldades em compreender e fazer uso da mesma.

A educação é a essência, a base, o alicerce de toda e qualquer sociedade.

As tecnologias no processo de ensino, quando acompanhadas e bem orientadas proporcionam uma gama de conhecimento, uma infinita fonte de construção e inclusão social.

É necessário repensar a educação, reaprender a ensinar, a participar com os alunos de novos conhecimentos. As novas tecnologias da informação e comunicação elencam novas perspectivas, não só no campo da educação, mas também de sociedade, transformando o longe no perto e o acesso ilimitado ao conhecimento uma possibilidade universal.

O uso das tecnologias no processo de ensino aprendizagem são grandes aliadas da educação, se bem aproveitadas, possibilitam uma aprendizagem com eficiência e rapidez. Sendo assim, tudo que se fizer em prol da correta utilização da informática, certamente se estará indo em direção de um futuro promissor na área do desenvolvimento humano.

Rosemary M. F. das Neves

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