quinta-feira, 16 de julho de 2009

“O aluno não quer mais se sentar e ouvir”

Gente, vou reproduzir aqui para vocês uma ótima entrevista que o Alex Primo, professor do Programa de Pós-graduação em Comunicação e Informação da UFRGS, concedeu ao Zero Hora, de Porto Alegre, em fevereiro deste ano.

Vocês se lembram das referências que eu e a professora Janaína fizemos aos seus estudos no texto do Módulo 6? Pois é, aqui ele sustenta a idéia de que o mundo digital deu origem a um novo padrão de estudante, acostumado ao uso da tecnologia. Para se adequar a esse perfil, escolas e educadores devem rever suas práticas.

Aí vão os trechos da entrevista:

Zero Hora – Qual principal o impacto das novas tecnologias na vida do estudante?

Alex Primo – O acesso às informações. Antes, a educação era baseada no livro, e os livros eram prescritos pelos professores como a informação que devia ser estudada, onde estavam as respostas. Hoje, mesmo uma criança tem possibilidade de buscar as soluções na internet.

Zero Hora – O que isso muda?
Primo – Constrói na criança o espírito da investigação. Não é o professor que entrega uma resposta pré-definida. Ela vai atrás para construir suas respostas.

Zero Hora – É um novo aluno?
Primo – Sem dúvida. Antigamente, falava-se em ensinar. Hoje, é preciso ter preocupação maior com a educação, como um processo global para a aprendizagem e para a produção ativa. O aluno não quer mais se sentar e ouvir, porque ele está acostumado a produzir por meio das novas tecnologias.

Zero Hora – Isso exige uma adaptação na maneira de dar aula?

Primo – Demanda-se um maior dinamismo nas aulas e a valorização da expressão multimídia: usar fotos, sons, textos em blogs para os estudante poderem valorizar aquela linguagem que eles conhecem. Se não se fizer isso, fica um hiato muito grande entre linguagem do aluno e do professor.

Zero Hora – Os jovens de hoje têm menor capacidade de concentração?

Primo – Uma vez escutei que havia professores que ensinavam em blocos de 15 minutos e contavam uma piada, para seguir o ritmo da televisão. Agora, percebemos uma mudança, as pessoas se afastando da TV e indo para o computador, onde a dedicação é total. Ficam horas no computador. A diferença é que hoje se navega em muitas janelas ao mesmo tempo. O jovem conversa, navega, vê vídeos, tudo ao mesmo tempo. Então, é uma concentração fragmentada.

Zero Hora – A internet estimula a cópia de trabalhos?

Primo – O plágio, a cola da enciclopédia sempre existiu. Eu lembro de fazer isso quando criança, vários alunos copiavam informações das enciclopédias, o professor recebia muitas cópias e nem se dava conta. Não é um problema novo, da internet. O interessante é que o aluno comece a reconhecer a importância da consulta às fontes e de valorizar a autoria, não minimizar a importância da busca de informações e citações.

***********************

E aí, o que acharam?

Beijos e ótima semana pra todo mundo!

Um comentário:

  1. Essa entrevista ficou muito claro, mostrou a diferença entre o comportamento dos jovens de antigamente, que não tinha acesso a ineternet e os do mundo atual.Diante dessas mudanças percebe que os alunos são mais ativos e por isso veio as transformações de conceito do que é ser professor.

    Hozinete Santos Silva

    ResponderExcluir