quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Juventude e a Internet: Professor em tempo real

Por Denise Silva 


Em algumas dezenas de anos, o ciberespaço será o mediador essencial das inteligências coletiva da humanidade(...). Qualquer política de educação terá que levar isso em conta.

   Cibercultura, Pierre Lévy.


Ao contrário de outras obras sobre a era "high tech" o livro Cibercultura de Pierre Levy não traz revelações bombásticas, nem faz previsões sombrias a Paul Virilio ou paradisíacas a Bill Gates. Ao contrário de outros analistas, Levy procura abordar as questões colocadas pelas novas tecnologias de forma realista e cuidadosa. O conceito mais importante desenvolvido na obra é o de que a rede de computadores é um universal sem totalidade, ou seja, que ela permite às pessoas conectadas construir e partilhar a inteligência coletiva sem submeter-se a qualquer tipo de restrição político-ideológica. Partindo deste princípio, Levy encara a Internet como um agente humanizador (porque democratiza a informação) e humanitário (porque permite a valorização das competências individuais e a defesa dos interesses das minorias). Conectado, o cidadão tem condições de interferir diretamente no controle das decisões públicas sem mediadores, algo que pode ajudar a descentralizar, democratizar e aperfeiçoar os serviços públicos.  


Se imaginarmos como um estudante adquiria informação e cultura na década de 1950, conseguimos imaginar o porquê de desenho clássico de uma sala de aula, com professor na frente da sala como principal fonte de informação. Pois havia então pouca mídia especializada para os jovens, como revistas ou mesmo o rádio. A TV engatinha no Brasil. Os amigos, os livros e, sem dúvida, os professores na escola eram as principais fontes de informações, os principais transmissores de conhecimentos, no bate-papo e na relação interpessoal.


Agora imaginemos o dia-a-dia de um aluno de ensino fundamental e médio nos tempos atuais. Rádio, TV, revistas especializadas, o vasto mundo virtual da internet e os livros, que entopem as prateleiras, o inundam de informações úteis ou desimportantes, durante todo dia. A alfabetização para a mídia tornou-se assim fundamental nessa transformação da sociedade industrial para a sociedade da informação. Isso significa, na prática, lançar o colete salva-vidas para que o estudante não naufrague no mar de informações. Pois, ensiná-lo a nadar é ensiná-lo a ler, interpretar e mesmo produzir comunicação, afinal o que não são os blogs e sites senão pequenos produtos de comunicação?


Atualmente, o educador adquiri o importantíssimo papel de mediador da profusão vertiginosa de informações, ou seja, é  ele quem pode instruir o estudante sobre a indústria da comunicação e apresentar-lhe os bastidores do mundo da mídia. Portanto, o desafio agora é transformar a informação em conhecimento. Afinal, o processo de democratização da informação e da cultura tem também um lado perverso; muita informação pode significar muita confusão.

 

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